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PEIXOTO FILHO, F. V. Morfossintaxe do português. 2. ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2021.

Morfossintaxe do Português, agora em sua 2ª. edição, revista e ampliada, propõe-se a avaliar — em uma perspectiva inovadora, mas sem perder de vista o respeito à contribuição de linguistas e gramáticos que muito concorreram para os estudos de Língua Portuguesa no Brasil, como M. Said Ali, J. Mattoso Camara Jr., Rocha Lima, Celso Cunha e Evanildo Bechara —, os meandros da descrição do português em sua modalidade escrita de referência. Além disso, procura oferecer soluções para os insistentes problemas conceituais que ainda perduram em compêndios destinados aos ensinos básico e superior.

A obra está dividida em três partes: Gramática, Morfossintaxe e Sintaxe. A primeira delas apresenta acepções largamente difundidas na literatura para o termo ‘gramática’ e, ainda, traz à baila uma saudável discussão acerca do papel da gramática normativa nas aulas de Língua Portuguesa. A segunda elenca e conceitua as classes gramaticais, comparando os diversos critérios de taxonomia, oferecendo categorizações examinadas com vagar, e, sob a égide dos comentários de renomados linguistas e gramáticos, o autor discute a aplicabilidade das conceituações citadas. A terceira parte é dedicada à investigação cuidadosa da sintaxe, em suas duas vertentes: a analítica e a relacional.

Estudantes de Letras, professores de ensino universitário, médio e fundamental, ou qualquer outra pessoa que se interesse pelo tema, encontrarão neste livro explicações bastante elucidativas sobre o funcionamento morfossintático da língua portuguesa em sua variedade padrão.

PEIXOTO FILHO, F. V. Efeitos de contraponto: um estudo sobre a argumentação na linguagem. Rio de Janeiro: KDP, 2020.

No livro Efeitos de Contraponto: Um Estudo sobre a Argumentação na Linguagem, obra defendida originariamente como Tese de Doutoramento em Letras Vernáculas, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (2005), Fernando Vieira Peixoto Filho parte de um sólido embasamento teórico que abrange conceitos discutidos por diferentes abordagens; no entanto, fundamenta mais estritamente suas investigações na linha da Semântica da Enunciação, à qual incorpora a lógica aristotélica e as atuais abordagens pragmático-argumentativas do discurso na mídia impressa. Dessa forma, tornam-se cruciais para sua análise não só os elementos linguísticos coesivos, mas também os aspectos extralinguísticos relacionados à ação dos interlocutores e suas propostas argumentativo-intencionais.

Consubstanciando uma máxima de Coseriu, para quem a aceitação verdadeira em ciência é a aceitação crítica, o autor analisa estratégias de concessão e adversidade em textos argumentativos e propõe uma análise das formas de convencer e persuadir o outro, em que são confrontadas diferentes perspectivas dos locutores; faz uma acurada análise dos textos à luz de teorias que embasam a visão polifônica dos discursos, ilustrada por meio de uma seleção de exemplos sobre a construção dos efeitos de sentido.

A partir de sua pesquisa, o autor destaca que nenhum recurso conjuncional é usado de forma despropositada. O estudo assinala também que os articulistas procuram sempre imprimir diversos efeitos semântico-argumentativos aos textos, sempre mediante uma estratégia prévia de elaboração, o que, em última instância, determina a principal marca da linguagem humana: a intenção primordial de convencer e persuadir o outro.

Enfim, trata-se de uma obra que prima pela acuidade e excelência no tratamento dos dados coletados, constituindo uma fonte segura ao leitor que se interessa pela ciência crítica da linguagem no que concerne aos mecanismos sintáticos e os efeitos de sentido em textos de gênero opinativo.

Maria Aparecida Lino Pauliukonis (UFRJ)

PEIXOTO FILHO, F. V. Filipenses 2-3: contos e crônicas. Rio de Janeiro: KDP, 2019.

Uma breve análise temática dos textos deste livro nos permite ver em primeiro lugar (mas sem caráter hierárquico) que o tempo, com suas consequências óbvias (a morte é apenas a extrema delas), é um mote caro ao autor. Como se vê em O Teatro da Terra, que acusa a inutilidade da busca pela beleza quando a vida já se despediu de nosso corpo; ou em Paulo & Sandra, relato pungente de como o passar dos anos provoca danos, pudores e medos inevitáveis que reverberam na vida a dois; ou em 40 & 50, em que a natural porém nunca compreendida despedida de nossos pais é compartilhada com o leitor; também em Ao Homem Desconhecido o espectro da indesejada das gentes ronda o conto em meio a reflexões espiritualistas; ainda, em Velho Imprestável, uma das muitas “crônicas de família” do livro, de tom confessional e de uma afetividade despida de pudores, sem a hipocrisia dos impossíveis “amores perfeitos”, em que adjetivos meliorativos e pejorativos se alternam, desnudando a complexidade dos sentimentos demasiado humanos. O autor explora com destreza e crueza verbal os momentos in extremis, em que podemos dizer aos entes queridos, finalmente, tudo aquilo que represamos ao longo da vida.

André Conforte (UERJ)

PEIXOTO FILHO, F. V. Morfossintaxe do português. Rio de Janeiro: Barra Livros, 2017.

Oriunda do projeto Dicionário de Sintaxe do Português, selecionado pela Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ – Edital APQ1 2012.2), a obra Morfossintaxe do Português traz uma perspectiva inovadora acerca da matéria abordada, sem perder de vista, porém, o respeito à contribuição de linguistas e gramáticos que muito concorreram para os estudos de Língua Portuguesa no Brasil. Assim, trata-se de um texto que, não esquecendo o valor de autores como M. Said Ali, J. Mattoso Camara Jr., Rocha Lima, Celso Cunha e Evanildo Bechara, propõe-se a não só avaliar os meandros da descrição do português em sua modalidade culta escrita, mas também oferecer soluções para os insistentes problemas conceituais que ainda perduram em compêndios dirigidos a estudantes dos ensinos médio e superior e professores dessas faixas.

PEIXOTO FILHO, F. V. A reformulação dos juízos: contos e crônicas. Rio de Janeiro: KDP, 2024.

Este livro não tem apresentação de um professor ou profissional das Letras. Os que gostaria que apresentassem declinaram do convite. É que o original tinha alguns textos sobre política que afastaram as pessoas. Como diz o Renato Russo, “nestes dias tão estranhos, fica poeira se escondendo pelos cantos”, e não se pode expressar livremente essa "poeira", ou seja, uma perspectiva que não aponte para certo espectro político-ideológico.

Digo “tinha” porque troquei alguns textos em que exponho mais incisivamente minha leitura sobre o Partido dos Trabalhadores, que atualmente governa o País. Eram crônicas antigas, é verdade, mas o PT também é antigo. Lula está em seu terceiro mandato, sem contar o período Dilma Rousseff. Um dia, quando todos os brasileiros puderem escrever livremente sem o risco de serem prejudicados na vida pessoal e profissional (se é que esse dia chegará), talvez publique os textos proscritos. Por ora, estou censurando a mim mesmo.

Retirei algumas crônicas, mantive outras, mas não voltei a convidar ninguém para apresentar o livro. Fica sem prefácio mesmo. Este é, portanto, um livro sem introito. O texto que precede todos os outros (Drummondiano) até se pode considerar uma apresentação, visto que sintetiza não a obra em si, mas os sentimentos de quem a escreveu, profundamente influenciado pelos escritos de três pilares da literatura em língua portuguesa: Machado de Assis, Carlos Drummond de Andrade e José Saramago.

Então vamos lá. É um livro sem apresentação externa, digamos assim. São textos antigos, bem antigos, com exceção do último. Não se trata de obra inteiramente voltada para o delicado processo político brasileiro, como o leitor há de perceber. Em termos de predominância, a Parte I trata, sim, direta ou indiretamente, de aspectos sociais e político-ideológicos; as partes II e IV são a essência do livro, penso eu. São textos mais intimistas, metafísicos, os quais não consigo associar a um gênero mais estrito, mas que fotografam meu modo prevalente de escrever. A Parte III trata de cinema; não como se eu fosse um crítico cinematográfico especializado; longe disso. São considerações em certa medida superficiais, também intimistas, escritas sob o impacto de alguns filmes a que assisti. Todos, reitero, textos antigos.

Penso que continuam válidos, mas o leitor é que vai dizer. Ao falar do simbólico The Whale (A Baleia em português), Darren Aronofsky afirmou gostar de dirigir filmes sobre “fraturas emocionais”, quando nossos caminhos se perdem e nos machucamos profundamente.

Acredito que a maioria dos meus textos é sobre elas, as fraturas emocionais, esses ferimentos causados na pele que habitamos, numa espécie de suicídio gradual e constante, até a chegada em definitivo da Indesejada das Gentes. Não é, portanto, literatura para quem deseja alegria ou algum tipo de ajuda intelectual. Um mundo que precisa de influenciadores (a novel e ridícula profissão das redes sociais) é sobremaneira pobre de espírito. Não sou um influenciador. Não quero, em hipótese alguma, contribuir para a manutenção da mediocridade.

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